Da Redação - 25/03/2011
O Brasil perde anualmente cerca de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) como resultado da violência cometida contra as mulheres, segundo a corregedora nacional de Justiça Eliana Calmon.
Segundo a ministra, a estimativa se refere aos gastos com o sistema de saúde no atendimento às vítimas, à movimentação do aparelho judicial e policial e à interrupção do trabalho das mulheres agredidas. “Precisamos acabar com esse ciclo perverso que coloca nosso país entre os piores do mundo”, afirmou Eliana Calmon durante palestra em homenagem ao Dia Internacional da Mulher na Câmara Municipal de Salvador (BA). .
A ministra classificou a Lei Maria da Penha como um grande avanço no combate a esse tipo de violência no Brasil e na proteção à estrutura familiar, ao estabelecer as prisões em flagrante e preventiva ao agressor, a instauração de inquérito policial e a impossibilidade de desistência por parte da vítima. No entanto, lembrou que ainda há muito que fazer para erradicar o problema no Brasil.
“Em um país com 27 tribunais de Justiça temos apenas 43 juizados especializados em combate à violência contra a mulher, sendo que em três estados eles ainda são inexistentes. Ainda falta consciência sobre a gravidade do problema”, criticou a corregedora nacional. Segundo ela, muitos juizados não possuem estrutura adequada, os policiais carecem de capacitação no atendimento às vítimas, a sistematização de dados ainda é precária, sem contar os problemas sociais, que impedem que muitas mulheres denunciem ou tenham acesso à Justiça.
Para Eliana Calmon, um dos grandes desafios atuais é garantir às mulheres mais pobres o acesso aos seus direitos. “Precisamos superar a estrutura machista que ainda existe no Brasil, assim como o silêncio das vítimas. Não se calem”, pediu a ministra não só às mulheres vítimas de violência, como às pessoas que testemunham esse tipo de agressão.
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